NOTA DE APOIO À VILA LIBERDADE
Nós, da Associação de Pós-Graduandos da UFRGS, realizamos na segunda-feira, dia
31 de janeiro, a entrega de doações aos moradores da "Vila Liberdade". Recentemente a comunidade passou por um trágico incêndio que destruiu mais de uma centena de casa e deixo desabrigado diversas famílias.
Em nossa visita de solidariedade aos moradores nos dirigimos primeiramente ao ginásio da Escola Giúdice. Este local esta sendo indicado pela Prefeitura de Porto Alegre para o recebimento de doações de doações e prestação de ajuda aos moradores desabrigados. Há, de fato, muitas famílias
alojadas nesse local e pudemos verificar que estão recebendo ajuda. Contudo, há uma omissão gritante por parte do poder público no controle e na organização do espaço. A Fasc, por exemplo, é ator secundário no local. Quem controla todas as operações lá dentro (onde deixar doações, como distribuir, para quem distribuir) é a Força Sindical. E por parte dela, recebemos a orientação de que
não deveríamos, de forma alguma, levar doações diretamente aos moradores que seguem acampados em barros precários de lona no local incendiado. A situação desses moradores foi definida por uma “voluntária” que vestia a camisa da Força Sindical da seguinte forma: "Quem está lá é usuário de drogas.” Após essa firmação foi oferecida para nós a explicação de que se fossemos entragar doações diretamente aos moradores eles iriam vendê-las para comprar drogas. Quando questionamos se parte das doações estavam sendo repassadas para esses moradores, que foram afetados pelo incêndio e se recusa a sair do local onde possuíam sua moradia, recebemos a resposta positiva. Essa mesma pessoa indicou que todos estavam contemplados com o apoio, inclusive, com a remessa de cestas básicas.
Mesmo com esta orientação, deixamos parte de nossas doações na escola e fomos até o local incendiado. Lá, o que encontramos foram famílias resistindo a um movimento provido pelas forças públicas de desocupação forçada da área. A prefeitura apressou-se em construir um muro com pilares de concreto para cerca o local onde posteriormente estava localizados as moradias. A Guarda Municipal impede os moradores de retornarem aos locais onde antes haviam suas casas e montam guarda no local com esse intuito. Os moradores são impedidos de voltar ao seu lugar de residência enquanto a prefeitura ergue um muro de concreto para cercar o local. Em conversa com diversos moradores lá acampados foi nos dito que eles temem que se saírem do local antes de um posicionamento da prefeitura sobre seu destino. Atualmente eles não podem voltar aos seus lugares de residência e eles temem que jamais poderão retornar. Durante a conversa com os moradores nos pareceu muito legítimo sua atitude (observe a entrevista com uma das moradoras onde ela expõem as razões do acampamento: http://www.youtube.com/watch?
Nós da APG-UFRGS, frente a essa situação, nos dirigimos a organização dos moradores acampados que com a ajuda de voluntários esta a receber e distribuir as doações. Destinamos o restante das doações recolhidas por nós a esses moradores. A CUT-RS, que também está presente no local porém não participa da organização, recolhimento ou distribuição das doações indicou aos seus sindicados afiliados que destinem diretamente a esses moradores para esses moradores. Lembramos que esses moradores nos contaram que não estão a receber as doações que chegam ao Colégio Giúdice e não podem se retirar do local por temor de que a Guarda Municipal impeça seu retorno definitivamente.
Vale lembrar que o local incendiado está ao lado da Arena do Grêmio e de um dos maiores empreendimentos imobiliários da cidade, o empreendimento "Liberdade". A presença do "Liberdade" é ostensiva, influenciado inclusive a "renomeação" do local incendiado como "Vila
Liberdade". Não é de se surpreender que no site do empreendimento conste o objetivo de "transformar a região" e torná-la o mais novo "cartão-postal" da cidade
(http://www.
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