domingo, 30 de agosto de 2015

A mobilização contra os cortes de verba tem que aumentar!


Todos já sabemos a realidade dos cortes na educação. Nós, pós-graduandos, teremos que enfrentar um duro período. Ainda que exista a garantia da manutenção das bolsas em vigência, a redução orçamentária no custeio inviabiliza as rotinas básicas e as próprias atividades que fundamentam a função social dos programas de pós-graduação (PPG’s): formar pesquisadores e produzir conhecimento. A sonegação dos recursos para a pós-graduação prejudica ações basilares, como as bancas de qualificação e de defesa, a aquisição de insumos para a pesquisa, o funcionamento de laboratórios, a manutenção de equipamentos, a participação de docentes e discentes em eventos científicos, as idas a campo para a coleta de dados e outras missões científicas, o apoio à publicação de artigos científicos, entre outros.


Tal quadro de precarização de nossas condições de estudo e trabalho levou os pós-graduandos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) à mobilização. Em 16 de julho, realizamos uma ssembleia com a presença de cerca de 50 estudantes de pós-graduação. Nessa atividade, elaboramos uma carta aberta [1] que repudia o corte de verbas, explicita os problemas que vêm sendo enfrentados pelos estudantes e cobra da administração central da Universidade o pagamento das dívidas dos PPG’s com os pós-graduandos, bem como transparência na administração dos recursos. A ssembleia convocou o Fórum de Representantes Discentes (que ocorreu no dia 20 de julho), contando com a participação de cerca de 30 representantes discentes que aprovaram a carta confeccionada na ssembleia.

Aula pública do campus Centro
Entendendo que os cortes na Educação atingem toda a comunidade universitária, a Associação de Pós-Graduandos da UFRGS (APG-UFRGS), seguindo o encaminhamento da ssembleia, construiu as aulas públicas em parceria com a Associação dos Servidores da UFRGS, UFCSPA e IFRS (ASSUFRGS), a Seção Sindical UFRGS do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFRGS. Nessas aulas, as entidades demonstraram um conjunto de problemas que a universidade vem apresentando em função da má gestão (prédios interditados, licitações malfeitas, condições de trabalho e estudo precárias) e dos cortes de verbas para a educação em função da priorização do serviço da dívida pública. Ficou clara a importância da unidade dos três segmentos (discentes de pós-graduação e graduação, docentes e técnicos) para fortalecer a defesa da universidade pública de qualidade e para avançar em sua democratização. Em aula pública realizada no Campus Centro, também realizamos um ato com caminhada em torno do campus. A atividade contou com a participação de 300 pessoas e culminou na entrega da carta aberta à administração central. Infelizmente, fomos recebidos apenas pelo representante da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGESP). Continuamos em contato com a Reitoria, na perspectiva de receber resposta à carta. Nesse meio tempo, alguns artigos sobre o assunto foram publicados na mídia [2,3].
Ato após a Aula Pública


No dia 11 de agosto, os estudantes de todo o Brasil manifestaram-se contra os cortes e a redução da maioridade penal. Em Porto Alegre, não foi diferente. O ato contou com a presença de estudantes secundaristas e universitários. APG, ASSUFRGS, ANDES e DCE incorporaram-se à marcha.





         Em seguida, no dia 13 de agosto, mais de 70 estudantes de 5 diferentes PPG’s se reuniram em uma Assembléia dos Pós-Graduandos do Instituto de Biociências da UFRGS. Os cortes na educação, em especial na pós-graduação, foram consensualmente condenados e também se iniciou um debate amplo do conjunto de limitações próprias da condição precária dos pós-graduandos (baixo valor da bolsa, exigências produtivistas, ausência de direitos como insalubridade/periculosidade, férias regulamentadas, previdência, décimo terceiro salário, entre outros) que já estava em pauta antes dos cortes. Foi iniciada a construção de um manifesto, que será enviado a todos os colegas para ampliar o debate. Apontou-se como encaminhamento a aprovação desta carta em uma próxima Assembleia Geral. Também foi solicitado à APG realizar uma nova assembléia de todos os pós-graduandos do Campus do Vale.
Assembleia dos pós-graduandos do Instituto de Biociências
Para aqueles que ainda têm dúvidas, sugerimos a matéria de Herton Escobar publicada na Science, que ajuda a entender esses problemas que a APG já vem denunciando desde o início do ano [4].  No entanto, o governo e reitorias continuam a pedir que a comunidade universitária se adapte aos cortes. É nítida a distância entre os que administram o dinheiro público daqueles que trabalham e estudam nas universidades públicas. 
Na contramão deste pedido, nesta última quinta-feira (27/08) mais de 80 pós-graduandos de 15 diferentes programas de pós-graduação do Campus Vale optaram consensualmente por lutar contra o corte de verbas na educação e por melhores condições de trabalho e estudo. Encaminhamos uma paralisação na quarta-feira, dia 2 de Setembro. Nesse mesmo dia, será realizada uma Assembléia Geral no campus centro, às 18h30min no Plenarinho (Prédio da reitoria).



Assembleia dos pós-graduandos do Campus do Vale.

Pós-graduandos, agora é a hora de radicalizarmos a democracia interna da universidade. Os pós-graduandos estão dispersos enquanto sabemos que nossos inimigos encontram-se centralizados em Brasília. Precisamos centralizar nossa luta! Na Bahia, colegas encontram-se em greve deflagrada na semana passada, enquanto no Rio de Janeiro alunos já participavam das atividades de greve antes mesmo dos cortes, precipitando uma luta concreta contra a precarização da educação. Necessitamos organizar nossos esforços conjuntamente! São eventos como esse, em unidade com todos os segmentos universitários, que dão visibilidade à pauta, amadurecem a luta pela educação no país e podem levar à organização de esforços nacionais. 

Localmente, devemos pressionar a administração central a honrar os compromissos dos PPGs com os pós-graduandos e estimular a luta nacional contra os cortes. 

Nacionalmente, devemos articular nossos esforços. 

Viva o movimento!




[4] Escobar, H. Science 2015 Vol. 349 no. 6251 pp. 909-910



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