MANIFESTO DE AGOSTO
PÓS-GRADUANDOS EM DEFESA DA
UNIVERSIDADE PÚBLICA
Desde que foi reeleito,
o governo tem tomado uma série de medidas que comprometem o desenvolvimento do
país e afetam diretamente o povo brasileiro. Entre essas medidas estão o corte
de gastos públicos, o aumento de impostos e de tarifas e a retiradas de
incentivos de setores prioritários ao funcionamento do País. Exemplo disso são
as ações direcionadas aos combustíveis e à energia elétrica. O Ajuste Fiscal
proposto pelo Ministério da Fazenda representa uma medida austera e incoerente,
cujo corte atinge R$ 69,9 bilhões em recursos de diversas áreas, sobretudo na
educação.
A
educação e a pesquisa científica constituem peças fundamentais no
desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária. Apesar da
reconhecida importância dessas duas atividades, recentemente foram aprovados
cortes referentes ao ajuste fiscal imposto pelo governo federal. Um dos
principais alvos da proposta é justamente a verba repassada à educação e à
pesquisa. Isso demonstra uma total incoerência entre o discurso e a prática do
governo federal.
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Atrasaço no Campus do Vale |
Defender a “Pátria
Educadora” é manter e aumentar investimentos na área e não cortar R$ 9,42
bilhões do Ministério da Educação (MEC) e R$ 1,486 bilhão do Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Deste montante, 75% foram cortados dos
recursos que correspondem à verba federal destinada ao custeio dos Programas de
Pós-Graduação e 100% dos recursos destinados à aquisição de novos equipamentos.
Nesse caso, o governo tem demonstrado incompetência em gerir os recursos
arrecadados na forma de impostos, o que pode ser verificado se compararmos as
verbas da educação em relação às de outros setores.
O Governo afirma que o corte é necessário para
pagar a dívida pública. Ou seja, o povo brasileiro está pagando enormes
quantias para grandes instituições financeiras mundiais devido à incompetência
administrativa da atual gestão, que somente replica os erros das gestões
anteriores. Como consequência, comprometem-se os serviços públicos, incluindo a
formação de mestres, doutores e do conhecimento científico nacional. A crise
representa uma oportunidade para o setor privado, que se beneficia da
precarização dos serviços públicos devido às posições políticas frágeis,
corporativistas e conservadoras dos governantes que ocupam os Poderes Executivo
e Legislativo, que ignoram ou demonstram-se incapazes de perceber e resolver as
dificuldades que o povo brasileiro enfrenta diariamente.
Educação
e ciência são investimentos, não são gastos. Cortes em seus orçamentos e
programas são inaceitáveis, e se tornam ainda mais temerários pela forma como
ocorreram, sem definição de prioridades e repleto de discursos vazios e
populistas (haja vista, por exemplo, o corte de verbas para as Universidades
Públicas seguido pela oferta de novos contratos pelo FIES), e pelo silêncio dos
responsáveis pela defesa da Educação Nacional. Tais cortes são parte de uma
opção política do Governo em prol dos interesses do setor privado da sociedade
em detrimento da coletividade da sociedade brasileira. Eles agravam as
condições já limitadas de trabalho e, para alguns, de sobrevivência. Para retomarmos
o caminho do avanço, em que a educação é atividade prioritária, devemos lutar
contra o retrocesso que é a precarização das instituições de ensino, pesquisa e
extensão.
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Assembleia dos pós-graduandos do Campus do Vale |
Repudiamos
qualquer ajuste fiscal que tire da sociedade o bem mais poderoso, a Educação.
Sem Educação, o Brasil estará sempre à margem da autossuficiência,
pré-requisito básico para a independência, tornando-se submisso à instituições
e setores financeiros mundiais e à nações que detêm conhecimento, tecnologia e
informação. Frente a este quadro e à atual
condição de estudo e pesquisa vivenciada nas Universidades, os pós-graduandos
da UFRGS se reuniram em assembleia no dia 27 de agosto de 2015 e consensualmente
refutaram os cortes e aprovaram este manifesto com os seguintes posicionamentos
e reivindicações:
1. Em defesa da universidade pública, gratuita, laica,
democrática, de qualidade e comprometida ética e politicamente com a
transformação da sociedade;
2. Contra a política de ajuste fiscal do Governo
Federal
e a privatização dos serviços públicos. Pela
reversão imediata dos cortes de verba de R$ 9,42 bilhões no orçamento do Ministério
da Educação (MEC) e R$ 1,486 bilhão do
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI);
3. Pela priorização do financiamento na educação
pública,diante
do quadro atual de falta de recursos.
4. Contra as políticas de terceirização, como a contratação de
professores via Organizações Sociais (OS) e a Lei da Terceirização (PL 4.330).
Pelo pagamento imediato dos salários e benefícios dos terceirizados da UFRGS e
pela reversão dos cortes indevidos nos salários;
5. Auditoria Cidadã da dívida interna e externa, com transparência e
abertura de contas, e a suspensão
imediata do pagamento dos encargos da dívida pública.
6. Pela autonomia da universidade diante dos critérios de
avaliação e financiamento da pesquisa. Pela reformulação do modelo de avaliação
e financiamento da pós-graduação, com o fim da avaliação excessivamente
quantitativa, com ampla discussão nas universidades, bem como a desburocratização relativa aos
processos da pós-graduação nos trâmites de importação e exportação de
materiais;
7. Dilatação dos prazos fixados no que concerne a vigência
das bolsas, entrega de relatórios, qualificações e defesas de dissertações e
teses pelas agências financiadoras (CAPES, CNPq), frente ao quadro geral de
falta de recursos e consequente atraso no desenvolvimento das atividades de pesquisa
e formação;
8. Pela paridade em todos os âmbitos da
universidade. Ampliação
dos direitos de organização, representação e deliberação do corpo discente em
todos os programas de pós-graduação e da Associação de Pós Graduandos (APG) nos
fóruns de decisão da universidade;
9. Contra a cobrança de taxas nos processos
internos das universidades públicas;
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