CARTA MANIFESTO
Por mais segurança nas Universidades!
Contra a violência às mulheres!
Nós, mulheres estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, conjuntamente com o Movimento Correnteza, o Movimento de Mulheres Olga Benário, a Casa de Referência Mulheres Mirabal, o Diretório Central do Estudante e a Associação de Pós Graduandos, viemos através desta carta reivindicar à Reitoria de nossa Universidade e demais diretores das unidades, medidas de seguridade, de prevenção e de combate à violência contra as mulheres na instituição.
Os incontáveis casos de machismo nos intimidam de frequentar o espaço acadêmico, nos retirando o direito à educação conforme é garantido na Constituição Federal. Desde professores com comentários misóginos a importunações sexuais dentro da sala de aula, as estudantes precisam lidar com diferentes tipos de assédios e abusos e, muitas vezes, sem ter um local seguro para recorrer.
Em dezembro de 2022, durante uma confraternização dos estudantes, duas estudantes foram assediadas nas dependência da Universidade: uma delas teve um osso da face quebrado pelo assediador, enquanto a segurança da UFRGS não pôde fazer nada, pois é contratada apenas para assegurar os bens patrimoniais. Como se não bastasse, em outubro de 2022, foi denunciado um caso de estupro na Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança (ESEFID), caso no qual o agressor veio à intimidar as estudantes do Diretório Acadêmico de Educação Física (DAEFI). Já no curso da química, as estudantes têm denunciado casos de assédio vindos de um colega, mas, quando as vítimas procuraram auxílio pelos órgãos e instrumentos competentes, ouviram que nada poderia ser feito porque as denúncias não eram suficientes.
Além das equipes de segurança precárias e dos profissionais despreparados para o acolhimento das denúncias, os campi não contam com recursos de segurança apropriados, deixando boa parte dos espaços sem iluminação e sem câmeras. A soma desses fatores faz com que os casos de assédio sexual, moral e as violências físicas contra as alunas não sejam raras e culminem no que ocorreu no último dia 28 de janeiro, durante a calourada da Universidade Federal do Piauí (UFPI), em que uma estudante foi estuprada e morta dentro do campus por outro estudante. Ao contrário do que a UFPI se propôs, de culpabilizar a festa, ou muitas vezes, a roupa, a hora e a vítima, exigimos a responsabilização das instituições de ensino pela segurança das estudantes dentro da Universidade.
Diante disso, nossas reivindicações se baseiam em garantir maior segurança, formas de acolhimento e seguridade de nossas vidas. Solicitamos políticas preventivas dentro da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como formações sistemáticas de docentes e de técnicos, bem como uma ampla campanha de conscientização para o corpo discente que combata os assédios e todos os tipos de violências; a construção de um espaço acolhedor para que ocorram as denúncias de assédio; a punição dos assediadores; uma reestruturação da iluminação dos campi; o aumento do número de seguranças ativos nos dias de confraternização e de eventos noturnos; a punição dos professores que reproduzem falas machistas e humilhantes em salas de aula; precisamos de espaços de acolhimento e orientação que sejam efetivos, seguros e anônimos, os quais possam encaminhar processos e receber denúncias de assédio, e não seja apenas um “projeto” que transfira para extensionistas a responsabilidade de lidar com o atendimento desses casos que seriam de responsabilidade da Universidade. Reivindicamos por fim, Fóruns Permanentes voltados para os casos de assédio e violência de gênero, raça, etnia e/ou orientação sexual dentro da Universidade.
Assinam esta carta:
Associação de Pós-Graduação (APG)
Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura (DAFA)
Diretório Acadêmico da Comunicação (DACOM)
Diretório Acadêmico da Computação (DACOMP)
Centro Acadêmico de Biblio, Arquivo e Museo (CABAM)
Centro Acadêmico Tasso Corrêa (CATC)
Diretório Acadêmico da Faculdade de Educação (DAFE)
Diretório Acadêmico da Educação Física (DAEFI)
Coletivo Juntos
Enquanto vivermos em uma sociedade patriarcal e machista, seguiremos na luta pela vida das mulheres!
Links de interesse:
https://www.ufrgs.br/ime/wp-content/uploads/2022/12/Res275-22-Norma-Assedio-na-UFRGS.pdf (Normativa aprovada no CONSUN em dezembro de 2022)
https://averdade.org.br/2022/07/carta-manifesto-nos-queremos-a-garantia-de-direitos-e-respeito/
Nenhum comentário:
Postar um comentário